É um dos tópicos quentes no Facebook já desde há uns dias mas hoje o caso assumiu proporções esmagadoras, levando a EDP a encerrar, mesmo, a sua página na rede social.
Já há alguns dias que é possível ver vários utilizadores partilharem, nas suas páginas, o link para o grupo “Eu não pedi um plano nacional de barragens” cujos membros (2.258 aquando da redação deste texto) justificam a sua adesão com o seguinte argumento: “Não pedimos nenhum plano que envolvesse a destruição de 10 troços de rio, que custasse ao Estado e aos consumidores 16 mil milhões de euros, e que oferecesse uma produção líquida de energia elétrica de zero mega watts”. A Liga para a Protecção da Natureza, a organização de defesa ambiental mais antiga da Península Ibérica, já identificou este plano como sendo um dos maiores perigos ambientais que Portugal enfrenta, atualmente.
Muitos dos protestos também se iam fazendo sentir na página da companhia elétrica portuguesa, que, no dia 17, acabou mesmo por eliminar o comentário de uma utilizadora que, na página da EDP, colocou o link para o grupo em questão. Segundo a EDP, o post violaria o código de conduta da página. Mas aquilo que poderia parecer uma solução rápida para uma questão cada vez mais fervilhante teve precisamente o efeito contrário e, pouco depois, a página começou a ser invadida por vários comentários que acusam a EDP de censura. Nessa altura, a página alterou a sua política de privacidade, deixando de ser possível publicar no mural da EDP – o que também tornou invisíveis os comentários publicados contra a empresa.
“Não me incomoda muito ter sido banida. Incomoda-me, sim, o que a EDP anda a fazer a este país, às pessoas e à Natureza, marketizando mentiras sem que nada seja feito para o impedir”, explicou a utilizadora ao Dinheiro Vivo.
Hoje, a EDP encerrou finalmente a sua página no Facebook. Segundo declarações de uma fonte oficial ao Meios & Publicidade “Na última semana, a página deixou de cumprir os requisitos para a qual foi lançada pelo que decidimos a sua suspensão temporária para reavaliarmos a nossa estratégia nas redes sociais, nomeadamente com a introdução de novas ferramentas”.
Apesar disto, a marca diz “pretender manter o diálogo com a comunidade”, assegurando, por isso, o funcionamento do email redes.sociais@edp.pt “para que nos possa encaminhar as suas sugestões críticas e opiniões”. Mas ao abrigo dos olhares alheios, claro está.
Na memória de muitos está ainda o caso da Ensitel – um verdadeiro pesadelo de relações públicas que demonstrou, pela primeira vez, no nosso país, o imenso poder de um indivíduo nas redes sociais. Na altura, uma utilizadora insatisfeita com um telemóvel defeituoso conseguiu gerar uma verdadeira onda de solidariedade online e a Ensitel sofreu danos na imagem de que ainda hoje está a recuperar.
Fontes: Dinheiro Vivo